*Por Mário Storniolo Júnior e Marcelo Bezerra Correia da Silva
Os alimentos estão aumentando de preços no mundo todo. O tema deixa governos e organizações sociais em alerta e aumenta as discussões em torno das possíveis causas para a crise mundial dos alimentos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a falta de alimentos ameaça as populações mais pobres como uma “crise silenciosa” e ameaça de fome à 100 milhões de pessoas.
A seguir os principais fatores que geraram a alta dos preços dos alimentos.
Aumento da demanda por alimentos
A população mundial está comendo mais. Com mais gente comprando e comendo, vale a lei da oferta e da procura: os produtos se valorizam no mercado e ficam mais caros.
Alta do petróleo
O preço do barril de petróleo aumentou 110% entre o início de 2007 e abril de 2008, afetando o custo dos insumos, como fertilizantes a adubos.
O preço do barril de petróleo tem sim, relação direta com a escalada do valor dos alimentos, já que a agricultura necessita de grandes quantidades do óleo diesel, seja no maquinário, tratores, uso de fertilizantes ou transporte, até esse produto chegar ao consumidor.
Especulação
A crise global de crédito originada nos Estados Unidos fez com que os investidores que ganhavam dinheiro investindo na moeda norte-americana migraram para a aplicação em outras commodities, como os produtos agrícolas. Muitos fundos têm usado as bolsas de mercadorias para especular com a antecipação da compra de safras futuras em busca de melhor rentabilidade, o que também contribui para valorizar e o preço de commodities como o trigo e o arroz.
Condições climáticas adversas
Secas, enchentes, pragas e doenças nos rebanhos provocam graves quebras de safra na China, na Europa e Austrália, diminuindo a oferta mundial de comida.
Nos últimos três anos, o Brasil teve secas tão profundas no sul que perdeu 40 milhões de toneladas de grãos. Os estoques de milho, trigo e arroz, os cereais básicos para a alimentação do mundo, nunca estiveram tão baixos, portanto o clima adverso é outro fator que reduziu a quantidade de alimentos no mundo.
Aumento da produção de biocombustíveis
A produção de etanol americano é responsável por metade do aumento da demanda mundial de milho nos últimos três anos. Isso aumentou o preço do milho e o preço das rações. Dessa forma, aumentam também os custos de produtos bovinos e suínos, já que o milho é usado em rações animais. O mesmo ocorreu com outras colheitas – principalmente a soja – quando os produtores decidiram mudar seus cultivos para o milho.
No Brasil o etanol é produzido a partir da cana-de-açúcar. Dos 355 milhões de hectares disponíveis para plantio no país, somente 90 milhões seriam adequados à cultura de cana, que atualmente ocupa apenas 7,2 milhões de hectares (metade deles para a produção de açúcar). Em São Paulo, a plantação de cana ocupou o espaço de pastagens, nos últimos anos, sem que a produção de carne bovina tenha diminuído.
Cabe ao mundo, principalmente desenvolvido, aumentar a ajuda para os países pobres que sofrem mais os efeitos do atual aumento da comida. Para evitar que novos distúrbios afetem as populações da África, Ásia e América Latina.
*Mário Storniolo Júnior e Marcelo Bezerra Correia da Silva são professores de Geografia/Atualidades da SIGA Concurso.